Quais
as principais características de um Projeto de Trabalho na
perspectiva do Programa Mais Educação?
O
Programa Mais Educação busca mobilizar e articular pessoas e
recursos para a formação integral dos alunos, favorecendo a
integração das diversas iniciativas educativas sob uma adequada
concepção de autonomia e parceria. Nesse sentido, o acesso às
experiências da vida comunitária e da cidade, o reconhecimento e a
valorização da pluralidade de saberes e das distintas formas de
conhecimento exige a construção de uma cultura de cooperação e de
diálogo, assim como um trabalho coletivo. Na escola, o trabalho
pedagógico na forma de Projeto de Trabalho pode contribuir para
esses objetivos, porquanto se baseia na ação coletiva, na
potencialização de recursos e na descoberta e construção de novas
possibilidades de aprender. Os Projetos de Trabalho buscam romper
com a desarticulação entre os conhecimentos escolares e a vida
real, a fragmentação dos conteúdos, o protagonismo exclusivo do
professor nas atividades educativas, a não participação
efetiva dos alunos e a avaliação exclusivamente final,
centrada nos conteúdos.
De forma
geral, podem-se destacar algumas características do Projeto de
Trabalho, a partir de algumas questões como:
☺ Por
quê?
ressignificar
o espaço escolar
desartificializar
a escola: de auditório para laboratório
oportunizar
aprendizagens significativas
promover
a produção e a circulação da informação por diferentes meios e
fontes
☻ Para
quê?
Romper com
o
isolacionismo da escola
a
fragmentação das experiências educativas
a
desarticulação entre os conhecimentos escolares e a vida real
a
fragmentação dos conteúdos
o
protagonismo exclusivo do professor nas atividades educativas
a
não participação efetiva dos alunos
a
avaliação exclusivamente final, centrada nos conteúdos
assimilados
☼ Como?
Articulando e integrando
conteúdos
disciplinares
problemas
contemporâneos
concepções
dos alunos
interesses
de estudantes e professores
diferentes
espaços da comunidade e da cidade
tempos
e espaços, diferentes saberes e educadores
políticas
públicas e ações locais
Os
Projetos de Trabalho favorecem a organização de um currículo
integrado, não fragmentado, sem o isolamento das disciplinas; a
produção e circulação de informações por diferentes meios e
fontes; o papel do professor como problematizador; o diálogo e a
atitude de escuta; a auto direção do aluno e a avaliação enquanto
referência de avanço educativo para alunos e professores.
O tema
de um Projeto pode ser escolhido a partir:
● de
uma experiência comum do grupo
● do
currículo formal
● de
fatos da atualidade, eventos de impacto, fatos do cotidiano
● de
datas comemorativas
● de
uma questão pendente de outro projeto
● de um
tema proposto pela professora ou pelos alunos
Seu
desenvolvimento implica em:
● Levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes, das suas
curiosidades, do que os alunos desejam saber e ou fazer para aprender
● Montagem de um quadro de responsabilidades, divisão de tarefas,
organização do tempo, previsão das etapas
●
Levantamento das fontes de informação
Planejamento
do trabalho de campo
●
Levantamento dos recursos disponíveis e de atividades possíveis:
livros, revistas, jornais, filmes, entrevistas, passeios, visitas,
bibliotecas; experimentos, fotos, músicas
●
Organização de sessões de estudo: registros, relatórios, resumos,
vídeos, exposições orais, seminários, debates .
●
Estratégias para buscar respostas às questões e hipóteses
levantadas, como um levantamento das fontes a serem investigadas
Organização
de um cronograma de trabalho e da previsão de atividades ou
atividade de culminância.
O
fechamento do Projeto – a síntese Implica a revisão do
caminho percorrido, com a organização e a análise dos materiais
coletados, das contribuições recebidas, das produções feitas. É
o momento de avaliação do projeto - o que os alunos sabiam, o que
descobriram, o que ainda querem (ou precisam) saber – e a
divulgação dos resultados para interlocutores reais através de um
mural, jornal, painel, dramatização, relato oral, etc.
Organização
da Memória Histórica
●
Organização de dossiê, portfólio, pasta ou Cd-rom
●
Elaboração de um livro, de um vídeo
●
Elaboração de uma peça de teatro
●
Organização de uma exposição ou de um painel
●
Composição de uma música, de um álbum, de poesias
●
Criação de um folder explicativo sobre o tema estudado
●
Elaboração de maquetes, gráficos, etc.
Como
organizar as turmas?
Todas as
crianças sabem muitas coisas, só que algumas sabem coisas
diferentes das outras (WEISZ, 2009). Quais alunos serão chamados a
participar das atividades de Acompanhamento Pedagógico? Um trabalho
criterioso de seleção deve ser realizado de forma cooperativa pelo
conjunto de professores da escola, com base nas avaliações
realizadas e nos registros que possuem sobre os alunos, assim como
nas orientações do Programa Mais Educação. Segundo as diretrizes
do referido programa deverão ser contemplados os alunos que
apresentam defasagem série/idade em virtude de dificuldades de
ensino e de aprendizagem; alunos das séries finais da 1ª fase do
Ensino Fundamental (4º e/ou 5º anos), onde existe uma maior evasão
de alunos na transição para a 2ª fase; alunos das séries finais
da 2ª fase do Ensino Fundamental (8º e/ou 9º anos), onde existe um
alto índice de abandonos após a conclusão; alunos de anos onde são
detectados índices de evasão e/ou repetência, e assim
sucessivamente. A partir dessa seleção, é necessário um olhar
mais atento para cada um desses alunos, com o objetivo de traçar um
diagnóstico acerca de suas necessidades e identificar possibilidades
de agrupamentos diversos que contemplem também seus interesses e
potencialidades. O conhecimento das características dos alunos deve
servir, não para classificá-los, mas como entradas para
diversificar os dispositivos didáticos (PERRENOUD, 2000, p. 193).
A
formação das turmas para as atividades de acompanhamento
pedagógico, portanto, não deve prender-se às turmas do horário
regular e pode, sempre que possível e conveniente, mesclar alunos
das diversas séries/anos, valorizando a diversidade de saberes,
experiências de vida e trajetórias escolares. Nesse sentido, a
mediação do educador é fundamental para promover situações e
vivências para que os alunos possam se expressar livremente,
sentindo-se valorizados e respeitados neste espaço diferenciado de
atendimento pedagógico. Qualquer que seja o agrupamento é preciso
considerar a necessidade de estratégias pedagógicas diferenciadas
capazes de promover aprendizagens significativas, possibilitando a
cada aluno a superação das chamadas dificuldades na aprendizagem e
a maior valorização do espaço e das experiências organizadas pela
escola e incentivando-o a nela permanecer. Conforme Perrenoud (2001,
p. 26): “Toda situação didática proposta ou imposta
uniformemente a um grupo de alunos é inadequada para uma parcela
deles”. Ter atenção à diversidade como eixo básico do
planejamento pedagógico é uma idéia, que embora difícil de ser
operacionalizada, precisa ser entendida e aceita como fundamental no
momento contemporâneo. Aulas centradas na exposição oral do
educador, atividades uniformes, estratégias didáticas únicas,
objetivos não explicitados, planejamentos não partilhados podem ser
considerados como desencadeadores do fracasso escolar para um número
significativo de alunos, conforme Rheinheimer (2008).
Fonte: Programa Mais
Educação Série Mais Educação Cadernos Pedagógicos Macrocampo
Acompanhamento Pedagógico.